Nosso Índice de Insolvência Global registrou uma queda de -12% a/a no terceiro tri de 2020, após -13% a/a no 2º tri, confirmando a queda ampla e prolongada nas insolvências registradas pelos tribunais. Mesmo após uma tímida reversão de tendência em algumas economias (Espanha, Irlanda, África do Sul, Coréia do Sul, Hong Kong e Dinamarca). Junto com o bloqueio dos tribunais, a queda paradoxal das insolvências vem de medidas de apoio massivas implementadas e estendidas pelos governos para fornecer liquidez, tempo e flexibilidade às empresas antes que elas recorram ao pedido de falência.
A extensão ampla dos programs de apoio “temporários” até 2021 provavelmente manterá as insolvências, artificialmente mais baixas, por mais tempo. Mas, com a eliminação progressiva dessas medidas, devemos ver um aumento já na segunda metade de 2021, composto principalmente por (i) "zumbis" pré-Covid-19, ou seja, empresas que não eram mais viáveis antes da crise, mas foram mantidas "vivas" pelos auxílios emergenciais e (ii ) “zumbis” pós-Covid-19, ou seja, empresas fragilizadas pelo excesso de endividamento decorrente da crise. Como resultado, esperamos que nosso Índice de Insolvência Global cresça significativamente em 2021 (+25% a/a), graças ao efeito de base criado pela queda acentuada em 2020 (-10%). Todas as regiões contribuirão para este aumento, com a América do Norte registrando o maior volume (+57% no final de 2022 em comparação com 2019) em comparação com a Europa Ocidental (+23%) e a Ásia (+18%). Contudo, ainda em 2021, um em cada dois países da nossa amostra registrará um baixo número de insolvências em comparação com a Grande crise financeira e até mesmo a média de longo prazo, notadamente entre as economias avançadas.
A eliminação gradual das medidas de apoio permanece crítica e incerta. Qualquer nova extensão em termos de tempo ou magnitude levaria a uma perspectiva modificada, com menos insolvências no curto prazo, mas mais insolvências no longo prazo, devido ao aumento da ‘zombificação’ das empresas, principalmente nos setores mais afetados pela crise. Nesse sentido, a probabilidade de extensão adicional das medidas de apoio é maior em países com maior margem de manobra fiscal e de financiamento.
Figura 1: índice de insolvência por país