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Navegar no comércio internacional em 2026: o seu guia para o sucesso nas exportações

20 de Maio de 2025

Em 2026 o panorama do comércio internacional está a mudar drasticamente. O nosso guia fornece etapas práticas para ajudar as empresas na sua expansão global nos próximos 12 meses.

Sumário

1. A volatilidade do comércio exige agilidade e resiliência: para enfrentar as rápidas mudanças na procura, tarifas e flutuações cambiais, os exportadores devem priorizar o planeamento, a eficiência operacional e flexibilizar as cadeias de abastecimento.

2. A diversificação já não é opcional: atualmente, cerca de um terço das empresas encontrou novos mercados para exportação e fornecimento, e quase dois terços planeiam fazê-lo. Para se manterem competitivos, os exportadores devem reconfigurar as cadeias de abastecimento e explorar oportunidades comerciais emergentes para evitar a dependência excessiva de um único mercado.

3. Fortalecer as estratégias de liquidez e financiamento: o aumento dos riscos de não pagamento e prazos de pagamento mais longos pressionam as tesourarias. Para manter a estabilidade, os exportadores precisam de repensar as condições de pagamento, diversificar as fontes de financiamento e contratar um Seguro de Crédito.

As perspetivas para o comércio internacional estão em constante transformação. Nos EUA, a administração Trump anunciou, a 2 de abril de 2025, as chamadas «tarifas recíprocas» – aumentando as tarifas sobre as importações dos EUA e introduzindo novas restrições comerciais mais abrangentes para indústrias e parceiros em todo o mundo. Apelidado de «Dia da Libertação», o dia 2 de abril marcou assim uma reviravolta histórica na política comercial dos EUA – reacendendo ainda mais a disputa comercial entre os EUA e a China, perturbando as cadeias de abastecimento e aumentando a volatilidade nos mercados internacionais. Apesar de alguma trégua nos últimos meses, com os EUA a recuar e a chegar a acordos com vários países, incluindo a China, o panorama tarifário continua volátil.

O último Allianz Global Trade Survey 2025 reuniu informações sobre cerca de 4.500 empresas em nove grandes economias, avaliando o impacto do «Dia da Libertação» nas perspetivas para o comércio internacional. Os resultados são reveladores, com a confiança entre exportadores a sofrer um grande impacto. Os principais resultados da pesquisa mostram que menos de metade das empresas espera um crescimento positivo das exportações nos próximos 12 meses, em comparação com 80% antes do «Dia da Libertação».

No entanto, mesmo neste contexto de turbulência, há oportunidades. Enquanto os EUA estão a reescrever as regras do comércio internacional, novas oportunidades estão a surgir e algumas empresas estão a ajustar as suas estratégias de forma proativa. Para as empresas que pretendem enfrentar esses desafios e navegar com eficácia pelas incertezas atuais, desenvolvemos um guia estratégico onde destacamos as principais tendências, riscos e áreas a observar, fornecemos medidas práticas para uma expansão global e resiliente na preparação do próximo ano.

 

 

Segundo o Allianz Global Trade Survey 2025, atualmente, 42% dos exportadores esperam que o seu volume de negócios diminua entre -2% e -10% nos próximos 12 meses. Em comparação, antes do «Dia da Libertação» menos de 5% esperavam uma queda no volume de negócios. Trata-se de uma mudança acentuada, impulsionada pelos enormes aumentos das tarifas de importação impostas pelos EUA e pela consequente deterioração da confiança entre os exportadores a nível global.

Neste ambiente recessivo, as empresas podem considerar reavaliar as suas projeções de vendas e de procura e adotar previsões mais conservadoras, especialmente nos setores mais expostos às flutuações da política comercial dos EUA, como o de máquinas e equipamentos ou o automóvel, por exemplo. Para se manterem competitivas, as empresas podem beneficiar de estruturas de planeamento mais ágeis, concebidas deliberadamente para resistir ao impacto das rápidas mudanças nos níveis de procura, tarifas e flutuações cambiais que se estão a tornar a norma.

A adaptabilidade nas operações pode ser um ponto forte e crucial no próximo ano, com o aumento das tarifas e a volatilidade cambial a incentivar mais empresas a repensar como e onde operam. O inquérito revela que 27% das empresas estão preparadas para interromper temporariamente a produção, uma vez que a volatilidade cambial agrava o custo das tarifas mais elevadas, enquanto 32% planeia interromper as importações ou suspender a produção no exterior. Em termos de planos de investimento das empresas, a otimização é o foco geral, no entanto, as estratégias diferem entre as regiões. Na Alemanha, por exemplo, 45% das empresas estão a priorizar a eficiência operacional através da redução de custos. Enquanto isso, na China, 77% das empresas estão a considerar a diversificação – explorando novas linhas de negócios e fazendo investimentos direcionados para áreas estratégicas.

Para terem sucesso nessas circunstâncias, as empresas devem considerar a realização de auditorias operacionais regulares para identificar ineficiências e definir formas de economizar custos. Investir em automação, por exemplo, pode ser uma estratégia prudente para otimizar certos processos, especialmente em setores de mão de obra intensiva, como a manufatura. Enquanto isso, as empresas podem praticar o nearshoring para reduzir sua dependência de cadeias de abastecimento longas e frágeis, aumentando a eficiência operacional e reduzindo a exposição ao risco.

À medida que as incertezas do comércio global se intensificam, o mesmo acontece com os desafios relacionados com os pagamentos. O inquérito mostra que mais de metade dos exportadores enfrenta agora prazos de pagamento mais prolongados, com atrasos superiores aos verificados anteriormente. As empresas de maior dimensão enfrentam atrasos mais longos, com 26% das empresas com um volume de negócios superior a 5 mil milhões de euros a enfrentar prazos de pagamento bastante superiores, em comparação com 18% das empresas em geral.

Com menos certezas e mais atrasos nos pagamentos, o financiamento através das vendas a crédito está a diminuir. Há mais empresas a optar por métodos alternativos, como gestão de cash flow ou empréstimos bancários. A pesquisa mostra que, mesmo antes do «Dia da Libertação», apenas 14% dos exportadores optavam pela gestão dos prazos de pagamento como a sua principal opção de financiamento, sendo a gestão do cash flow (21%) e os empréstimos bancários (18%) os métodos preferidos. Entretanto, os riscos de não pagamento estão a aumentar. Neste momento, quase metade dos exportadores antecipa riscos mais elevados de incumprimento, com as empresas nos EUA, Reino Unido e Itália particularmente afetadas.

As empresas devem considerar tomar medidas para proteger a liquidez. A curto prazo, pode considerar renegociar condições e o Seguro de Crédito para garantir pagamentos e proteger as contas a receber. A longo prazo, melhorar o cash flow e diversificar as suas fontes de financiamento pode ajudá-lo a gerir atrasos nos pagamentos. Em tempos de incerteza, manter-se flexível e com visão de futuro é fundamental. O Seguro de Crédito pode ajudá-lo a navegar pela imprevisibilidade, reduzir o risco de insolvência e descobrir oportunidades de crescimento.

O panorama tarifário está em constante mudança. O que mais se destaca é a taxa tarifária efetiva de 39% dos EUA sobre as importações Chinesas, abaixo dos impressionantes 103% antes do acordo bilateral alcançado em meados de maio de 2025, mas ainda +26 pontos percentuais acima do que era antes do segundo mandato de Trump.

Como resultado, as empresas estão, de forma ativa, a redirecionar remessas internacionais e a antecipar importações para gerir custos. A pesquisa revela que 79% das empresas americanas começaram a antecipar as importações da China antes da entrada em vigor das tarifas do «Dia da Libertação», enquanto 25% foram ainda mais proativas, começando a antecipar as importações antes das eleições presidenciais americanas em novembro de 2024. Entretanto, após o «Dia da Libertação», 62% das empresas americanas afirmaram que iriam procurar rotas de transporte alternativas para reduzir os custos alfandegários.

Muitas empresas também estão a mudar para os Delivered Duty Paid (DDP) Incoterms, devolvendo a responsabilidade pela gestão da logística e dos custos (incluindo na alfândega) das remessas aos vendedores, permitindo assim que eles assumam o controlo total dos riscos relacionados com a alfândega. Além disso, 59% das empresas afirmaram que atualmente incluem cláusulas de preços nos contratos para se protegerem contra riscos cambiais. 

As empresas que pretendem mitigar as tarifas e aumentar a resiliência devem considerar uma estratégia de cadeia de abastecimento que combine estes fatores: antecipação, redireccionamento e ajustes de preços. O planeamento de cenários e os testes de stress podem ajudar a modelar o impacto das novas tarifas e alterações regulamentares nos custos de envio no futuro. Descubra como as soluções de Caução da Allianz Trade oferecem a flexibilidade e a fiabilidade de que as empresas precisam para prosperar.

À medida que os EUA e a China libertem as suas economias, os fluxos comerciais globais provavelmente irão reorientar-se. A pesquisa mostra que um terço das empresas já está a aplicar esta diversificação – procurando novos mercados para exportar e receber suprimentos – e quase dois terços planeiam fazer o mesmo. Nos EUA, a pesquisa sugere que as empresas estão a concentrar-se mais na Europa Ocidental e na América do Sul, enquanto os exportadores na China estão a afastar-se dos EUA para fortalecer os laços comerciais com a Europa e o Sudeste Asiático. Essas regiões representam agora oportunidades emergentes para os exportadores em todo o mundo.
À medida que as empresas procuram expandir-se a nível global, em 2026 terão de lidar a incerteza. Os resultados do Allianz Global Trade Survey 2025 descrevem um ambiente conturbado para o comércio internacional. No entanto, existem oportunidades, e o sucesso das exportações no próximo ano favorecerá as empresas que planeiam estrategicamente e que se adaptam rapidamente às circunstâncias em transformação, diversificando-se de forma eficaz. Ao permanecer proativo em vez de reativo, pode enfrentar a turbulência tarifária com confiança e transformar a volatilidade do comércio internacional numa vantagem.